A triste notícia do falecimento do cantor sertanejo João Carreiro, aos 41 anos, em Campo Grande, trouxe à tona uma parte obscura de sua vida, marcada por uma pausa nos palcos entre 2013 e 2015 devido a uma luta silenciosa contra a depressão e um quadro severo de Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC).
Durante esse período, João Carreiro enfrentou o desafio de compartilhar abertamente sua experiência com as doenças mentais que o assolavam. Diagnosticado em setembro de 2012, quando vivia o auge da carreira ao lado de Capataz, o cantor revelou que a depressão era tão grave que, em suas palavras, “via as pessoas que eu amava, aqueles mais próximos, me causando mal e até mesmo tirando minha vida.”
O TOC de João Carreiro assumia uma forma única, manifestando-se por meio de alucinações e repetições de fragmentos de suas experiências. Em uma emocionante participação no programa “Encontro”, o artista compartilhou suas visões recorrentes de tragédias que assombravam sua mente.
Após dois anos de acompanhamento psicológico e psiquiátrico, João Carreiro retornou aos palcos em 2015, ressaltando a importância da assistência médica para compreender as complexidades dessas doenças.
Na quarta-feira passada, o cantor veio a óbito em Campo Grande enquanto passava por uma cirurgia cardíaca extensa, com duração superior a 12 horas, na tentativa de implantar uma válvula no coração. A partida de João Carreiro não apenas marca o fim de uma carreira musical notável, mas também destaca a importância de uma conversa aberta sobre saúde mental e a necessidade de apoio para aqueles que enfrentam desafios semelhantes.