Em junho de 2023, Yasmin Bento Ribeiro, uma jovem de 20 anos, começou a sentir fortes dores no olho direito e pensou estar com conjuntivite. No entanto, poucos dias depois, passou a ter dificuldades para mover o braço e a perna direita. Após uma série de exames, descobriu que os sintomas estavam relacionados e foi diagnosticada com esclerose múltipla.
“Meu olho direito doía tanto que latejava. Achei que era só conjuntivite, mas comecei a notar uma nata branca no olho e depois ficou tudo preto; eu não enxergava nada. Fui ao hospital, a médica estranhou, mas me receitou um colírio e pediu para voltar se não melhorasse. Acabei ficando cega temporariamente”, relatou a estudante de ciências ambientais.
Yasmin foi internada pela primeira vez por cinco dias, sendo tratada com corticoides, o que proporcionou uma melhora temporária. Porém, após 15 dias, quando os membros pararam de responder, ela foi novamente hospitalizada para mais exames. Uma ressonância revelou lesões no cérebro, levando ao diagnóstico de esclerose múltipla.
“Fiquei em negação por muito tempo. Minha mãe cuidava de tudo enquanto eu apenas recebia o tratamento, mas estava muito preocupada. Mesmo assim, nunca parei de tomar o remédio”, lembra Yasmin.
Atualmente, Yasmin toma o medicamento natalizumabe, fornecido pelo SUS, uma vez por mês. Ela também mantém uma rotina saudável, incluindo academia, alimentação equilibrada e suplementação de vitamina D. “Quando está calor, meu pé para de funcionar e eu manco um pouco, mas nada além disso. Fiquei com vergonha e não falava com ninguém fora do núcleo familiar sobre o diagnóstico”, relata.
Entendendo a Esclerose Múltipla
O neurologista Nicolas Balduíno, do Hospital Anchieta em Brasília, que acompanha Yasmin, explica que a esclerose múltipla é uma doença autoimune que afeta o sistema nervoso central, danificando a mielina que protege os nervos. Isso resulta em cicatrizes que interferem na transmissão dos impulsos nervosos.
“O sistema imunológico ataca erroneamente o próprio sistema nervoso central. A interação de fatores genéticos, ambientais e imunológicos desempenha um papel importante no desenvolvimento da esclerose múltipla”, afirma Balduíno. A doença é mais comum em adultos jovens, principalmente mulheres, e pode causar fadiga, fraqueza muscular, problemas de coordenação e visão.
Diagnóstico e Tratamento
O diagnóstico da esclerose múltipla é complexo, envolvendo história clínica, exames neurológicos e de imagem, punção lombar, exames de sangue e testes de função cognitiva. Balduíno enfatiza a importância de um estilo de vida saudável, atividades físicas regulares, gerenciamento do estresse, sono adequado, e suporte social e emocional para melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
“Muitas pessoas com esclerose múltipla conseguem levar uma vida ativa e produtiva, especialmente com o avanço dos tratamentos disponíveis. O diagnóstico precoce, cuidados médicos especializados e a adesão ao tratamento são fundamentais para controlar os sintomas e retardar a progressão da doença”, conclui Balduíno.