A perda de memória pode ser desencadeada por um grande trauma emocional ou associada a transtornos psiquiátricos
Na sexta-feira 03, o apresentador Bruno De Luca compartilhou um relato detalhado em suas redes sociais sobre suas experiências desde o dia 2 de setembro, quando seu amigo Kayky Brito sofreu um acidente de atropelamento na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Em uma parte da carta, De Luca menciona que tem procurado ajuda de psiquiatras, participado de sessões de hipnoterapia, meditação guiada e refletido profundamente, e que, na noite do acidente, experimentou o que é conhecido como amnésia dissociativa.
“Desde então, venho me consultando com psiquiatras, fazendo hipnoterapia, meditação guiada e refletindo muito. O acidente que testemunhei me deixou em estado de choque, profundamente abalado. Na minha mente, eu senti que tinha testemunhado uma morte. Todos esses eventos naquela noite afetaram minha capacidade de discernimento e coerência”, escreveu o apresentador em sua postagem, continuando:
“Fiquei completamente desorientado e emocionalmente abalado. Segundo a Dra. Júlia Fandiño, a psiquiatra com quem venho me consultando, eu vivenciei um estado de confusão mental durante uma experiência traumática, que evoluiu para uma amnésia dissociativa.”
Este quadro chamou a atenção recentemente quando a cantora Lexa também relatou ter sofrido de amnésia dissociativa depois que seu ex-marido, MC Guimê, foi expulso do Big Brother Brasil 23, da TV Globo, sob acusações de assédio a uma participante do programa de reality show.
“A amnésia dissociativa é uma perda de memória, como se a pessoa temporariamente se desconectasse da realidade, por um breve momento. Ela pode parecer congelada, perder a consciência. Após o episódio, a pessoa pode experimentar uma lacuna na memória”, explica a Dra. Julia Khoury, psiquiatra do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e doutora pela mesma universidade.
A perda de memória pode ser permanente ou persistir por algum tempo após um evento traumático, com a pessoa recuperando suas lembranças espontaneamente. O diagnóstico desse quadro é realizado por um profissional especializado com base nos relatos do paciente.
“Não se trata de um diagnóstico por si só, mas sim de um sintoma que pode ocorrer em pacientes com vários transtornos psiquiátricos, como ansiedade, transtorno do pânico, depressão e bipolaridade. No entanto, pessoas que não sofrem de transtornos também podem experimentar amnésia dissociativa em situações de estresse agudo, trauma emocional ou uso de drogas. O consumo de álcool aumenta significativamente as chances disso ocorrer, especialmente se o nível de consumo for alto. É necessário investigar se faz parte de um transtorno maior ou se foi apenas um sintoma associado ao evento de estresse agudo”, continua Khoury.
Ela destaca que o médico pode solicitar exames, como uma ressonância magnética ou tomografia computadorizada do cérebro, para descartar a possibilidade de que a perda de memória tenha sido causada por uma condição neurológica. Além disso, um eletroencefalograma pode ser realizado para afastar a possibilidade de uma crise convulsiva.
“Geralmente, realizamos exames para excluir causas orgânicas, como a epilepsia. Isso ocorre porque a crise convulsiva nem sempre envolve espasmos musculares; às vezes, a pessoa experimenta apenas uma crise de ausência. Portanto, é necessário verificar se há alterações sanguíneas ou cerebrais”, afirma a psiquiatra.
Khoury salienta que, se a causa for puramente emocional, é recomendável que o paciente busque terapia para abordar o trauma e evitar que a amnésia dissociativa ocorra novamente.