A jovem Carolina Arruda, de 28 anos, que convive com neuralgia do trigêmeo — condição conhecida como “a pior dor do mundo” — será submetida a uma sedação profunda com o uso de cetamina. O objetivo é tentar “reiniciar” seu cérebro para que volte a responder aos medicamentos. O procedimento ocorrerá em ambiente hospitalar, sob ventilação mecânica e monitorização constante, podendo durar até cinco dias.
A decisão foi tomada após Carolina passar por seis cirurgias sem sucesso. Em vídeos publicados em suas redes sociais, ela relatou a exaustão causada pelas crises dolorosas e a esperança de encontrar alívio durante o tratamento intensivo.
A cetamina é um anestésico amplamente utilizado em centros cirúrgicos, aprovado pelo FDA (agência regulatória dos Estados Unidos) desde 2019 e listado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como medicamento essencial. Além da função anestésica, o fármaco vem sendo estudado e aplicado em casos de dor crônica de difícil controle e em quadros de depressão grave resistente a outros tratamentos. Em psiquiatria, também pode ser usada em pacientes com ideação suicida, apresentando resultados positivos.
O mecanismo de ação da cetamina envolve o bloqueio de receptores que amplificam sinais de dor no sistema nervoso. Nos casos de depressão, auxilia na restauração das conexões entre neurônios, o que favorece a melhora dos sintomas. Entretanto, por se tratar de uma droga potente, seu uso deve ocorrer sob rigorosa supervisão médica. Entre os possíveis efeitos colaterais estão alterações de pressão arterial, frequência cardíaca, respiração, além de sintomas perceptivos como tontura, náusea, alucinações ou sensação de estar “fora do corpo”.
O que é a neuralgia do trigêmeo?
A neuralgia do trigêmeo é um distúrbio neurológico raro que afeta cerca de 4,3 pessoas a cada 100 mil. A doença é caracterizada por crises de dor aguda, comparadas a choques elétricos ou pontadas, geralmente em um lado da face. No caso de Carolina, a condição é bilateral, o que torna os episódios ainda mais debilitantes.
Entre as causas possíveis estão compressão do nervo trigêmeo por vasos sanguíneos, infecções virais como herpes-zóster, inflamações, tumores, aneurismas ou doenças como a esclerose múltipla.