Os cigarros eletrônicos, popularizados especialmente entre os jovens, estão cada vez mais associados a problemas sérios no pulmão. Um caso alarmante foi relatado no The New England Journal of Medicine e publicado no Medscape em 25 de junho. O artigo descreve a história de uma jovem de 19 anos, não identificada, que desenvolveu uma grave lesão pulmonar após o uso do dispositivo.
Inicialmente diagnosticada com pneumonia bacteriana, a jovem foi admitida no pronto-socorro com sintomas de falta de ar, calafrios, tosse e febre alta que já duravam uma semana. Apesar do tratamento com antibióticos, sua condição não melhorou, levantando suspeitas entre os médicos.
Os exames revelaram “opacidades como vidro fosco” nos pulmões da paciente, um sinal que normalmente sugere que os sacos de ar nos pulmões podem estar cheios de fluido ou outras substâncias. As imagens de raio-x e tomografia computadorizada mostraram áreas cinzentas e nebulosas onde os pulmões deveriam aparecer pretos.
A verdadeira causa da doença só foi descoberta quando a jovem mencionou que usava cigarro eletrônico. Com essa informação crucial, ela foi diagnosticada com lesão pulmonar induzida por vaporização (EVALI).
Lesão Pulmonar Associada ao Uso de Cigarro Eletrônico (EVALI)
EVALI é um termo utilizado para descrever doenças respiratórias agudas causadas pelos efeitos tóxicos de produtos químicos usados na vaporização. De acordo com os médicos, a condição se manifesta com sintomas como falta de ar, tosse, dor no peito e febre, parecendo um quadro viral atípico.
A jovem, que trabalhava como recepcionista em um consultório médico, acreditava estar com gripe e tentou tratar os sintomas com antibióticos, sem sucesso. Quando retornou ao hospital, a falta de ar se tornou “angustiante” e sua febre atingiu 39 °C. Os médicos decidiram suplementar oxigênio antes de realizar exames adicionais e testá-la para Covid-19.
Um pneumologista foi chamado após 48 horas de tratamento sem melhora. Foi então que a paciente revelou o uso recente de cigarros eletrônicos do namorado, permitindo o diagnóstico correto de EVALI.
Após a confirmação, a jovem foi tratada com esteroides, o que resolveu seus sintomas, e foi aconselhada a abandonar o uso de cigarros eletrônicos.
Os autores do relatório ressaltaram a gravidade do EVALI, afirmando que a maioria dos pacientes hospitalizados necessita de internação na unidade de terapia intensiva e, frequentemente, de ventilação mecânica. No entanto, o prognóstico é positivo quando a doença é corretamente identificada e tratada, com foco na abstenção do uso de dispositivos de vaporização para prevenir recorrências.