O caso da norte-americana Aleshia Rogers chamou a atenção do mundo pela gravidade e pela raridade da reação. Em setembro de 2020, poucos dias após dar à luz, ela começou a tomar ibuprofeno regularmente para aliviar dores do pós-parto. O que parecia uma medida simples acabou se transformando em uma luta pela vida.
Após alguns dias, Aleshia apresentou sintomas semelhantes aos de uma gripe: febre, fadiga e dor de garganta. O quadro, entretanto, evoluiu rapidamente com surgimento de bolhas, inflamação ocular e lesões dolorosas na pele. Mesmo tendo procurado atendimento médico em duas ocasiões, só no terceiro hospital recebeu o diagnóstico correto: síndrome de Stevens-Johnson (SSJ) em sua forma mais grave, a necrólise epidérmica tóxica (NET).
A condição devastadora fez com que 95% da pele de seu corpo se desprendesse, obrigando os médicos a tratá-la como uma paciente com queimaduras extensas. Aleshia foi transportada de avião para um centro especializado e recebeu apenas 3% de chance de sobreviver. Para conter a reação, precisou ser colocada em coma induzido, passou por enxertos de pele e recebeu um transplante de membrana amniótica nos olhos.
Em depoimento, ela conta que sua recuperação foi longa e desafiadora: “Eu deveria estar em casa com meu bebê, mas precisei reaprender a andar, falar e até respirar. Foi uma transformação não só física, mas também emocional e espiritual”.
O que é a SSJ/NET?
A síndrome de Stevens-Johnson é uma reação alérgica rara e grave, geralmente desencadeada por medicamentos como antibióticos, anticonvulsivantes e anti-inflamatórios, incluindo o ibuprofeno. Os sintomas iniciais lembram uma gripe, mas em poucos dias podem evoluir para lesões graves na pele e nas mucosas, risco de infecções sistêmicas e até falência de órgãos.
Importância do diagnóstico precoce
O tratamento imediato exige suspensão do medicamento suspeito e internação em UTI ou centros de queimados, onde os pacientes recebem hidratação, suporte clínico e cuidados intensivos com a pele. Quanto mais rápido o diagnóstico, maiores as chances de sobrevida.
Hoje, Aleshia ainda convive com sequelas da condição, como problemas digestivos e cardíacos, mas segue compartilhando sua história para alertar sobre os riscos do uso indiscriminado de medicamentos aparentemente comuns.