Evitar evacuar quando surge a necessidade pode parecer algo inofensivo, mas especialistas alertam que o hábito pode causar sérios problemas de saúde, incluindo constipação crônica e complicações mais graves.
Como Funciona a Evacuação
A evacuação envolve dois movimentos principais: os reflexos gastrocólicos, que movem o bolo alimentar pelo intestino de forma involuntária, e a movimentação do reto, controlada voluntariamente na maioria das vezes. Desde a infância, aprendemos a controlar essa musculatura, mas segurar o cocô por longos períodos pode prejudicar esse controle e dificultar o ato de evacuar.
“O ideal é respeitar a vontade evacuatória para preservar o ritmo do eixo intestino-neural. Prender as fezes por muito tempo pode gerar constipação refratária, dificultando cada vez mais a evacuação”, explica o coloproctologista Dirceu de Castro Rezende Junior, do Hospital Santa Marta, em Brasília.
Principais Riscos de Segurar o Cocô
- Retocolite ulcerativa:
Acúmulo prolongado de fezes pode levar à inflamação do intestino grosso e reto, favorecendo doenças como a retocolite ulcerativa. Essa condição inflamatória pode causar dor abdominal, urgência evacuatória, diarreia e sangramento nas fezes. - Fecaloma:
Quanto mais tempo as fezes ficam retidas, mais água é reabsorvida, tornando-as ressecadas e endurecidas. Isso pode resultar na formação de fecalomas, que às vezes só podem ser removidos cirurgicamente. - Hemorroidas:
O esforço excessivo para evacuar fezes ressecadas pode inflamar as veias anais, levando ao desenvolvimento de hemorroidas.
Frequência Saudável de Evacuação
Uma frequência saudável varia entre três vezes ao dia e três vezes por semana. Frequências fora desse intervalo indicam necessidade de avaliação médica.
Como Treinar o Intestino
A coloproctologista Geanna Resende, de Goiânia, recomenda:
- Estabeleça rotina: Sente-se no banheiro diariamente no mesmo horário, sem distrações, como o celular.
- Posição ideal: Mantenha os pés elevados, se possível, para facilitar o processo.
- Aguarde a vontade: Se não evacuar, tente novamente mais tarde, respeitando o ritmo do corpo.
Manter hábitos saudáveis e ouvir os sinais do organismo são fundamentais para evitar complicações e preservar a saúde intestinal.